Da Jornada Eterna, parte V
Do Piqueiro
De guerras internas, o campeão
Então analiso o pobre piqueiro
De obssessores, uma legião
O acompanhando caminho inteiro
Estivesse na guerra seria melhor
Fazendo o que sabe e gosta, o matar
Como desconhece de sua missão
Sangrando o piqueiro só tem a vagar
Seca de saber sua Alma sedenta
Sem água também tem seus lábios rachados
Já com febre alta vagando doente
Apoiado em seu pique se arrasta cansado
Piqueiro valente, caráter leal
De arma já cega de tanto combate
Moral elevada, valor sem igual
Atolado está em sua insanidade
De perder o seu chão por suas crenças já mortas
Passado distante de glórias perdidas
Do vazio na Alma, esperança remota
Só aumentam o sangue a escorrer das feridas
Moribundo assim é inútil a guerra
Atestado profano de humanidade
Vagando a esmo através desta terra
Procurando em vão uma utilidade
Clareira estranha em chegada no bosque
Silhuetas estranhas a luz do luar
Cabana distante impossivel ao toque
Para lá o piqueiro a cambalear
De palha o telhado e parede em madeira
Névoa soturna incitando temor
Fumaça pela chaminé da lareira
Formando figuras em mais de uma cor
Se fosse um templo talvez fosse cura
Se fosse escola, o ensinamento
Mas sendo um casebre em mata escura
Trará só mais dor ou algum acalento?
Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.