quarta-feira, junho 27, 2007

Da Jornada Eterna, parte V


Do Piqueiro



De guerras internas, o campeão
Então analiso o pobre piqueiro
De obssessores, uma legião
O acompanhando caminho inteiro

Estivesse na guerra seria melhor
Fazendo o que sabe e gosta, o matar
Como desconhece de sua missão
Sangrando o piqueiro só tem a vagar

Seca de saber sua Alma sedenta
Sem água também tem seus lábios rachados
Já com febre alta vagando doente
Apoiado em seu pique se arrasta cansado

Piqueiro valente, caráter leal
De arma já cega de tanto combate
Moral elevada, valor sem igual
Atolado está em sua insanidade

De perder o seu chão por suas crenças já mortas
Passado distante de glórias perdidas
Do vazio na Alma, esperança remota
Só aumentam o sangue a escorrer das feridas

Moribundo assim é inútil a guerra
Atestado profano de humanidade
Vagando a esmo através desta terra
Procurando em vão uma utilidade

Clareira estranha em chegada no bosque
Silhuetas estranhas a luz do luar
Cabana distante impossivel ao toque
Para lá o piqueiro a cambalear

De palha o telhado e parede em madeira
Névoa soturna incitando temor
Fumaça pela chaminé da lareira
Formando figuras em mais de uma cor

Se fosse um templo talvez fosse cura
Se fosse escola, o ensinamento
Mas sendo um casebre em mata escura
Trará só mais dor ou algum acalento?



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

(Single) A Águia

(Poema off-saga dedicado pra Carol do CdM, beijo Caaa!)

A Águia



O sol desponta claro no horizonte
Gotas de orvalho em grama rasteira
Qual bela barca de ágil Caronte
No chão projeta-se sombra ligeira

E sai voando sobre a flor de um lago
A sombra faceira planando no nada
Provoca aos peixes atroz desespero
Que saltam logo em feroz disparada

Neblina ao chão fina tal qual garoa
E a águia voa
Sentindo em suas asas liberdade
Felicidade
Qual a canção cantada em convento
Ela entoa

E a águia voa

O ar gelado brota entre a neve
Com piruetas que a deixam mais leve
Rasante dá a brincar com coelho
Lontras alegres metem seu bedelho

A águia hoje não sai pela caça
Mas pela graça
De movimentos mais leves que o ar
A manobrar
Na elegância os ventos cavalgar

O sol ao meio dia já carrega
E ela se entrega
Da sensação sublime na corrente
De ar bem quente
Que circula sobre a lagoa

E a águia voa

E ela se ergue a voar contente
Por sobre a gente
Sobrevoando campo e cidade
Bem a vontade

A imaginar a nova humanidade
Com mais amor ternura e bondade

Acrobacia que nos céus destoa
Felicidade ao infinito ecoa

E a águia voa

Então o sol se põe atrás do monte
E ali se esconde
E em seu ninho longe a águia pousa
E ali repousa

Só na espera pelo novo dia
Que alegria!
A águia em seu ninho ali materna
Choca seu ovo de Esperança Eterna



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

(Single) Fênix

(Poema Off-Saga dedica a Morgana Fênix... Beijo Mooooor!)

Fênix



No meu peito fulgurante a chama nasce
Alimentada por desilusão e raiva a chama aquece
A labareda sobe e a cinza já queimada ao solo desce

E no meu peito fulgurante a chama cresce
Calcinando osso e carne a chama queima
Fumaça negra, que só sufoca a quem merece

Pois no meu peito fulgurante a chama arde
Intensificada por minha vontade a chama expande
Queimando tudo ao meu redor
E transmutando o eu mesmo em eu melhor

Pois comigo morto no meu peito a chama morre
E das cinzas que me tornei amontoadas
Ergo meu corpo de belas penas alaranjadas

Então meu peito fulgurante faísca cria
Do mesmo corpo que a segundos ali morria
E renascia

E no meu peito fulgurante a chama nasce
Alimentada pela esperança na humanidade
E como Fênix renasço na Eternidade



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

sábado, junho 23, 2007

(Single) Yule

(Poema off-saga dedicado ao grupo Caminhos da Magia)

Yule



De Yule aproveito os ventos do norte
Que portam consigo a essência da Morte
Desta vez o poema é de despedida
Oculta em palavras a dor da partida

Desculpas eu peço se mal vos causei
Desculpas eu peço das vezes que errei
Se ao pesar na balança fui imparcial
Acabando no erro fazendo-lhes mal
Ou se um dia não fui um amigo leal

Agradeço o auxílio das Almas iguais
Mas tal semelhança não existe mais
Outrora trilhamos o mesmo caminho
Mas meus passos agora devem ser sozinho

Citar um a um seria redundante
Pois amo a todos de igual nesse instante
A graça da Vida é o risco da Morte
Que Yule nos traz em seus ventos do norte

Pois tudo na Vida possui sua hora
Devemos então refletir sem demora
Os erros do passado deixar obstante
Yule levá-los pelo ar nesse instante

De falhas e erros não mais carecemos
Ocultos que estão em pecados terrenos
Por isso que Yule em seus ventos de inverno
Levará estes erros aos confins do inferno

Da Vida na Morte o Eterno conflito
A paz do espírito ainda que aflito
Sucesso, amor, sorte, paz e perdão
Desejo a vocês nessa então despedida
Que vem com Yule da Morte em Vida



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

sexta-feira, junho 22, 2007

Da Jornada Eterna, parte IV



Terminando o sair da campina
Apesar de canhões na cabeça
Não consigo esquecer de mim mesmo
Por mais incrível que isso pareça

O planeta explodindo em volta
Ainda lembro-me do lamaçal
Onde meu Velho preceito
Discutia com meu Eu jovial

Vejo passando por mim um piqueiro
Herói distante em livro de história
Em virtude da raiva Eterna
Hoje apenas mais um dessa escória

Há tempos não vejo Almas perdidas
Para ainda que em busca guiar
Como cego apoiado em cão guia
Para na trilha correta andar

Nobre Alma de trevas coberta
Nobre Alma de trevas tapada
Velho amigo de tempos de guerra
Muitas vidas por sobre esta terra
Mas não pode lembrar de mais nada

Tanta dúvida tanto tormento
Vêm a esta Alma assolar
E este pobre Guardião Eterno
Ainda que em combate interno
Necessita para a luz o guiar

Neste mundo de guerra intensa
De emoção e de ódio extremado
De revolução interna e sangrenta
Encontro Alma a manter-me ocupado

Comandante de infantes sagazes
Contra os próprios demônios internos
Vejo na expressão de seus olhos
A pior batalha dos Nove Infernos

A batalha pela identidade
Própria e sem intercessores
Conhecer o Eu Mesmo e buscar
Finalidade para todas as dores

Dores e dúvidas que são comuns
Mesmo as Almas por mais elevadas
Independente da evolução
Todas aqui devem ser ajudadas

Ainda em guerra interna começo
Da intenção mais bela o ajudar
De erro crasso e fatal o tropeço
Que nos ensina, herói, levantar

O piqueiro vagando ferido
Pelos campos já cambaleante
Inconsciente de todo o perigo
Sem destino rumando errante

Na direção de casebre soturno
O piqueiro ferido eu sigo
Entro em bosque a passeio noturno
Esperando ajudar um amigo



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

domingo, junho 17, 2007

Os Campos Minados da Ira, parte II



Chego a costa do oceano
Entre combates se travando
Explosões vindas do mar
Até a terra abalando

Pobres soldados aturdidos
Pela explosão ao ar lançados
Quedando em mortos e feridos
Tornam a lutar encarniçados

O mar tingido pelo sangue
De um vermelho cor carmim
As ondas fortes e bravias
Lançam espadas sobre mim

Com golpe hábil me desvio
De foice ataco sete espadas
Então em ar elas flutuam
Por sete fantasmas empunhadas

"Sei o que buscas, pobre Morte
Nosso dever é advertir
Somos fantasmas de ti mesmo
Vindo aqui te impedir"


Um dos fantasmas do passado
Toma a frente a atacar
Com o sorriso em tom amargo
Começa a se transformar

Morena alta e esguia
Olhos puxados, torso nu
Lábios vermelhos, cabelos longos
Rosto exótico de hindu

Vestindo sari ela avança
Atacando-me feroz
As outras almas se dispersam
Deixando gargalhadas demoníacas
A ecoar de forma atroz

Outra explosão de bombardeio
A pique vai mais uma nau
A combater no devaneio
Do sonho amargo de receio
Dos que combatem pelo mal

Balas uivando pelos ares
Ao explodirem a terra treme
Entre esse global tiroteio
Eu e o fantasma frente a frente

Armas travadas, olho a olho
O descarnado e o castanho
Singelos traços, lindo rosto
Ainda que sorriso estranho

De segundos por breve fração
Me transporto a velhos tempos
Perdido em outra ilusão
Eu a afasto por momentos

Pois meu intento é prosseguir
Com minha Jornada pessoal
Nada conseguirá deter-me
E o acerto golpe brutal

O fantasma voa alguns metros
E cai ao chão embasbacado
Se disfarçando de amores
Nunca pensou ser atacado

A raiva flui por minhas veias
E o arremesso sobre escombros
Ante o golpe de misericórdia
Estoura um tiro em meu ombro

A dor extrema me acorda
E vejo nobre mosqueteiro
Eu de joelhos, dor aguda
Ele mirando-me certeiro

A raiva me tornou igual
Aos que combatem nessa terra
A raiva instinto animal
É só o que move essa guerra

O mosqueteiro então retorna
Para o combate ao seu redor
Apenas deu-me seu alarde
Para que depois não seja tarde
Para tentar ser meu melhor

A indiana então levanta
Suja, ferida, empoeirada
Com mais um golpe a arremesso
A uma caverna desolada

“Aí está, pobre fantasma
Seu destino é permanecer
Eternamente acorrentado
Pelos grilhões do esquecer

Até que termine meu caminho
Ficarás em tal caverna
Apenas sinto lhe dizer
Que minha jornada é Eterna

E que por ti não mais desprendo
Nem fração de meu carinho.
Então verás, pobre fantasma
A dor que é lutar sozinho”




Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

quinta-feira, junho 07, 2007

Os Campos Minados da Ira, parte I



Da batalha cruel e sangrenta
Encarniçada, mortal, de terror
Ouço trilha sonora macabra
Explosões, tiros, gritos de dor

Pelo amor à batalha preparo
Foice minha afiada e certeira
Mas por mim Almas sem interesse
Atravessam de forma ligeira

Indo em direção às trincheiras
Para estruturas dominar
No caminho da Morte, guerreiras
Eternamente fazendo o matar

E de Eternamente morrer
É também do que se trata
Pois todo esse ódio infundado
A elas mesmas é quem mata

Pobres almas quando correm
Através de campo minado
Quanto maior a raiva, mais morrem
Pelo fogo do aliado

Investindo cegas de raiva
Com demônios dentro de blindados
Comandando almas inimigas
A combaterem lado a lado

Este caos inimiaginável
Apenas Morte e destruição
Com suas vozes endemoniadas
Ouvidas nos tiros de canhão

A cavalaria vai vidas ceifando
O novo e velho tudo num só
As almas morrendo Eternamente
Sem a menor chance de virarem pó

Guerras de lanceiros e de mosqueteiros
Trebuches, samurais; blindados, arqueiros
Lutando ferrenhos em cena hedionda
Vivendo e morrendo onda após onda

Quanto mais morrem mais raiva carregam
Aí é que está a grande sacada
Enquanto estiverem assim se odiando
Nunca sairão de tamanha enrascada

Minha´alma guerreira vibrava nas cenas
De Morte constante em combate brutal
Parado fiquei vendo horas e horas
A repetição dessa raiva animal

De espectador não devo me ater
À glória do combate com tanto fervor
Talvez tenha aqui encontrado minha Vida
Em fazer no combate o irmão sentir dor

Mas infelizmente tenho entendimento
De que a ira não é o caminho
Pois cada vez que a raiva alimento
O coração sangra mais um pouquinho



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

Da Jornada Eterna, parte III



De repente em encruzilhada
Após passar os jardins da saudade
De um lado os Campos da Ira
Do outro Charcos de Insanidade

Pois em tal terra amaldiçoada
Onde até o sol é diferente
Não sei se é o próprio Inferno de Dante
Ou se é só o lado Negro da gente

De um lado batalhas atrozes
E do outro podridão total
Guerras encarniçadas, ferozes
E no outro só um lamaçal

Antes de decidir um caminho
Para o charco começo a olhar
Vendo vulto vagando sozinho
Me aproximo para investigar

Procurando minha Vida, me encontro
Face triste, sangrenta, impassível
Assim feito ao longo dos anos
Pelo emocional irrascível

O pior tipo de dor é da alma
Confrontando o espelho cruel
Que percebe que o eu de verdade
Sempre fora tigre de papel

Vejo a Morte constante crescendo
Sem Vida ver, sem constatar
Nem montanhas à primeira vista
Para tentar me reestruturar

A jornada do 12 completa
Trecho vil, doloroso e imundo
Enforcado por vezes diversas
Por tentar encontrar o meu Mundo

Agora estando no 13, A Morte
Carta de simbolismo complexo
Versa sobre a Morte do côncavo
Para que possa nascer o convexo

Sinto uma escuridão mais presente
Quando olho mais fundo em mim mesmo
Vejo vulto vagando a esmo
Pelas trevas permanentemente

Esse vulto vejo que era eu
Ainda jovem, problemas menores
Mas que agora sem parte da alma
Já idoso cheio de escleroses

Novo e velho no charco se encontram
Discorrendo em feroz debate
Depois de ver-me duplo em lamaçal
Optei por partir ao combate




Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

terça-feira, junho 05, 2007

Da Jornada Eterna, parte II



Então logo adentro em jardim exclusivo
Entre brumas soturnas e abandonadas
Repleta de estátuas de mármore polido
Frio e umidade por todos os lados

Mármore branco, negro e rosado
Cada cor representa uma emoção
Marcas dos anos e tempos passados
Estátuas cheias de fendas e erosão

Há muitos bustos de faces diversas
Na pedra branca o sol refletindo
Por terem seus rostos sido apagados
Não se sabe se estavam chorando ou sorrindo

Ali tais heróis de passado distante
Intocados neste jardim esquecido
Quem aqui os deixou obstante
Nunca quis que houvessem nascido

De marechais a atrizes notáveis
Por beleza ou inteligência
Feitores de crimes inimagináveis
Presos no jardim aguardando clemência

Aqui vislumbrando um passado de glória
Mortos em falha grotesca, infantil
Relegados às margens da história
Erros esculpidos em caráter vil

Dama em prisão de um mármore rosa
Jardim de flores mortas cercando
Pobre alma de Vênus com braços quebrados
Com lama e limo o rosto tapando

E é este viscoso limo que esconde
Uma imutável expressão complacente
Qual este jardim em pôr-do-dol Eterno
O rosto de heróis que morreram pra gente

Ali marechal de incontáveis batalhas
Irmão de caminho, irmão de jornada
Perdeu o comando, da tropa a mortalha
Deitado no chão de espada quebrada

Rosto corroído, a farda um farrapo
Corpo retalhado a golpes ferozes
Dois tiros na nuca, fora executado
No seu julgamento por crimes atrozes

Roda de obeliscos com nomes riscados
Para que possa em vão esquecer
Daqueles que que foram um dia amados
E que no outro fizeram sofrer

Em exato centro do Jardim de Estátuas
Há túmulo negro gigante e polido
Inúmeros nomes escritos com mágoas
Como se talhadeira houvesse esculpido

Então sepultadas em solo cinzento
Sob imensas lajes pesadas
Merecedoras do esquecimento
Jazem todas as almas ali desgraçadas

Talvez elas nunca à vida retornem
Porquê esquecê-las é luta constante
Ódio e raiva nem são necessárias
Só a falta do amor já será o bastante



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

Nas Geleiras da Luxúria, parte II



Incontáveis cenas lascivas
Vejo passando neste instante
Em muitas telas na parede
Mas as afasto obstante

Enquanto cruzo túnel profano
Que exalta todos os sentidos
De infernal calor humano
A enaltecer muitas libidos

Expulsando os fantasmas
Que ali tentam me assombrar
Vejo almas amarradas
Que podem ver mas não tocar

Estado de êxtase puro
Só podendo observar
Algemadas a um muro
Sem poder os olhos fechar

Congelados os olhos abertos
Os fazem ver filme cruel
E as almas fervendo por dentro
Querendo no filme um papel

Tais filmes a mim não afetam
Pois meus intintos sei dominar
Pois o calor do tesão dos sentidos
Não traduz verdadeiro o amar

E o amar é aquilo que busco
Não apenas um caso fugaz
De calor repentino engano
E que a mim não atormenta mais

Pois agora que Morte me encontro
Corte fundo em meu coração
Corre o sangue ainda pelo meu peito
E não mais cairei na ilusão

Pois em Morte só sente-se a Vida
E desejo é instinto animal
Tal qual miragem no deserto
Um ledo engano que só traz o mal

Quando alcança-se o oásis ele morre
Mas a vítima morre também
Morre por toda a energia gasta
Como estas pobres almas do além

Mas prossigo em jornada dantesca
Procurando então encontrar
Em terra de dimensão gigantesca
Verdadeira Vida a amar

Continuo vagando em geleira
Buscando estrutura interna
Pra erguer novamente meu templo
Em montanha que seja Eterna




Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

Nas Geleiras da Luxúria, Parte I



Descendo a savana orgulhosa
De espíritos atormentados
Chego em frias estepes
De vegetação asquerosa

Liquens e musgos nojentos
Cobertos de neve sangrenta
São nas Geleiras da Luxúria
Que o pobre coração se arrebenta

Vejo dispostas em fileiras
De champanhe garrafas enormes
Uma massa viscosa, grudenta
As preenche de forma uniforme

Essa massa de bolhas estranhas
De almas luxuriosas
O calor que lhes vêm das entranhas
Os transformam em cera asquerosa

Desta massa de corpos fluidos
De calor em um só elemento
Pois mal sabem que sua luxúria
É o maior de todos os tormentos

E tais almas amalgamadas
Entregues total às sensações
Em um só corpo serão congeladas
Por muitos e muitos verões

Sensações que tanto idolatravam
Em êxtase puro e sem igual
Consequências que elas mesmas arcam
Quando viram gelo por total

E estas almas luxuriosas
Já percebem então que amar
Não se faz de uma hora pra outra
Como faz-se uma cera esquentar

Esta mesma cera quando esfria
Por incrível que isso pareça
Na garrafa pra sempre entalada
Até que um dia ela amoleça

Só que esse é delas o castigo
Fundidas todas por belo tempo
Até que todas elas vejam
Que amar começa de dentro

Começa dentro de nós mesmos
Por nós e pelo irmão
Pois amar é mais que simplesmente
Entregar-se a fugaz tentação

Tal qual aqueles radioperadores
Acorrentados em seus aparelhos
Pobres almas presas em sua garrafa
Não conseguem ouvir meus conselhos

De desejo estão surdos e cegos
Congelados em insanidade
Como dar soco em tábua com pregos
Os marcará pela Eternidade.



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

domingo, junho 03, 2007

Da Jornada Eterna, parte I

Sintonia



Vejo almas presas a rádios
Tentando em vão encontrar
Em si mesmas uma sintonia
Que capte a estação do amar

Mal sabem que a tal sintonia
É algo artificial
Pois é algo que o "Eu" mesmo cria
Portanto não é natural

Se não é natural, é forçado
O que a alma aprenderá sozinha
Pois de fone o ouvido tapado
Não escuta a ajuda vizinha

Alguns deles já sintonizados
Com as mãos segurando os ouvidos
Ou sorrindo hipnotizados
Ou chorando em meio a zunidos

Aqueles que sorriam felizes
Que não sabem de tal estação
Que sairá fora de sintonia
Com os ventos do novo verão

Aqueles que choravam fugazes
Enfim perceberam ou não
Que aquilo que sintonizaram
Não era amor de verdade então

Não sei o que elas sintonizaram
Mas com certeza não é amor
Pois depois que não mais captaram
Só se escuta o choro e a dor

Só há dois caminhos na vida
O caminho do amor ou da dor
Espero que cicatrize a ferida

Pra que possam no primeiro, andar
E chegar ao final da subida
No caminho completo do Amar



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.