Nas Geleiras da Luxúria, parte II
Incontáveis cenas lascivas
Vejo passando neste instante
Em muitas telas na parede
Mas as afasto obstante
Enquanto cruzo túnel profano
Que exalta todos os sentidos
De infernal calor humano
A enaltecer muitas libidos
Expulsando os fantasmas
Que ali tentam me assombrar
Vejo almas amarradas
Que podem ver mas não tocar
Estado de êxtase puro
Só podendo observar
Algemadas a um muro
Sem poder os olhos fechar
Congelados os olhos abertos
Os fazem ver filme cruel
E as almas fervendo por dentro
Querendo no filme um papel
Tais filmes a mim não afetam
Pois meus intintos sei dominar
Pois o calor do tesão dos sentidos
Não traduz verdadeiro o amar
E o amar é aquilo que busco
Não apenas um caso fugaz
De calor repentino engano
E que a mim não atormenta mais
Pois agora que Morte me encontro
Corte fundo em meu coração
Corre o sangue ainda pelo meu peito
E não mais cairei na ilusão
Pois em Morte só sente-se a Vida
E desejo é instinto animal
Tal qual miragem no deserto
Um ledo engano que só traz o mal
Quando alcança-se o oásis ele morre
Mas a vítima morre também
Morre por toda a energia gasta
Como estas pobres almas do além
Mas prossigo em jornada dantesca
Procurando então encontrar
Em terra de dimensão gigantesca
Verdadeira Vida a amar
Continuo vagando em geleira
Buscando estrutura interna
Pra erguer novamente meu templo
Em montanha que seja Eterna
Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.
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