domingo, maio 04, 2008

(Single) Epitáfio


Epitáfio




Não quero ver luto quando enfim eu morrer
Quando o brilho de meus olhos esmaecer
E meu velho coração parar de bater

Quando o último ar de meu peito sair
Na hora do tão aguardado partir
Pensem que minha alma estará a sorrir
E não chorem, pois isso irá me ferir

Talvez eu não tenha feito de mim o melhor
Talvez dos amigos tenha sido o pior
Talvez fui dos filhos o mais negligente
Talvez dos soldados o mais insolente

A frieza por mim expressada
O palavra rude pronunciada
Meu mau-humor peculiar
Visto até no jeito de falar

Aquele beijo em alguém que não dei
O "te amo" que nunca falei
Só eu sei o quanto na vida eu errei
Errei, Amei

Amei demais quem não me merecia
Errei com quem me amava mais que devia
Confiei em quem não podia
E por meus erros em sonoro silêncio sofria

Mas guardem a dor para os que jazem vividos
Que na guerra caem mutilados e feridos
Para os que passam fome e frio excluídos
E para os que não têm amigos queridos

Deixem as lágrimas para os bebês
Que em prantos ao mundo cruel vêm nascer
Cuidem bem deles, "a luz do futuro"
A brilhar no final desse túnel escuro

Guardem as flores para os jardins
Rosas, Gerânios, Hortências, Jasmins
O perfume delas durará mais
Vivas em seus habitats naturais

Do que mortas aqui a cingir
O corpo meu que não pode sentir
O olor que estão a exalar
E seu perfume desperdiçar

Quero uma festa bem divertida
Música, doces e muita bebida
Enfeites, sorvete, luzes coloridas

Quero ver todos calmos sorrindo
Das histórias de minha vida rindo
Os típicos gracejos sobre mim contando
E alegres gargalhando

Pois quero que todos entendam o que agora entendi:

Que não foi em vão tudo o que vivi
Nos erros e acertos que aqui cometi,
Aprendi!
Que aqui da Terra o breve Deixar
É o simples começo de um novo Trilhar



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.