terça-feira, julho 31, 2007

Dos Arcanos Maiores, parte I


O Mago




No casebre de pedra singela
Da lareira a fumaça em cores
Vulto vejo passar na janela
Induzindo-me a criar temores

E o guerreiro ali destemido
Cambaleia em tal direção
A entrar na cabana perdida
Procurando salvar-se em vão

Sua fé já não é mais a mesma
Os seus ídolos jazem quebrados
Convicções que tinha já partidas
Incluso seu pique já enferrujado

A armadura desfaz-se em minutos
A ferrugem em pó é soprada
Da cabana por macabro vento
Uivando da porta semi-encostada

Ao entrar o piqueiro despido
Pela porta em cabana largada
O calor da lareira aprochega
A pobre alma da dor assolada

E se joga entao o guerreiro
Em tapete de pele de urso
Nao percebe detrás de uma uma mesa
Que há um jovem fitando-lhe escuso

Sobre a mesa vistosa espada
Ao seu lado vazia uma taça
Segurando moeda e galho
Um jovem maia sorri-me com graça

"Vejo Morte que trouxe-me amigo
Mas cumpriste já esta caminhada
Onde andas há muito perigo
Na do treze, a Morte, jornada

Eu enquanto um, o Mago aqui crio
Aqui abro, começo o evento
Inicio jornada, desperto
Manifesto, ativo, movimento

Ao piqueiro é dada acolhida
E o descanso que a alma precisa
Quando então estiver calma plena
Verá ele a estrada a ser escolhida

Quanto a ti nobre Morte o caminho
É retomar tudo então novamente
E aqui no um, o Mago encontraste
O primeiro elo da tua corrente

Então sabes que o próximo passo
No caminho que tu idealiza
Nas colunas do templo de artemis
O Arcano dois, A Sacerdotisa"




Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

quarta-feira, julho 18, 2007

(Single) Espada


Espada



Mutilado eu fui contra minha vontade
No fogo infernal logo fui derretido
Moldado após fui pela sociedade
Em um formato pré-estabelecido

Moléculas duras, metal agrupado
Frio, forte, distante, incorruptivel
Chapeado estéril de aço pesado
Inútil exposto assaz impassível

Jogado ao fogo eu fui novamente
Queimando denovo eu fui esquecido
Foi quando eu ardia já incandescente
Que fui retirado do fogo querido

E fui golpeado então sem piedade
Pelas marretas que a vida nos cria
E mais uma vez minha alma fervente
Jaz martelada em bigorna fria

Ainda vermelho do fogo interno
Fervendo evapora toda minha mágoa
Queimando tal qual rio de lava do inferno
Eu sou mergulhado em bacia de água

E lá agonizo meu resfriamento
Fração de segundos de eternidade
Chiando a dor monstruosa lamento
A criação de minha identidade

Temperado eu fui então diversas vezes
No fogo na água no ar e na terra
Adornado eu fui com ouro, prata e jóias
Moldado em espada, instrumento da guerra

Escondida a beleza para ser encontrada
Não me trate então como mero objeto
Se assim manejar-me lâmina afiada
Irá enfrentar meu mortal desafeto

Se tratar-me então com amor abstrato
Daqueles que os bardos citam em canção
Verás que da arma retenho o formato
Mas que posso amar-te de igual condição


Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.