sexta-feira, agosto 29, 2008

Da Jornada Eterna, parte IX


Termópilas




Aquilo que sinto não sei de onde vem
O amor ou o ódio que sinto, ou por quem
O caos tão confuso desse sentimento
Surgindo das trevas por mais um momento

Sentimento cruel de culpa e fracasso
A depressão, do pescoço, o laço
E eu que não sei realmente o que faço
Velho coração frio e duro, de aço
Agora de vidro no peito estilhaço

De onde tu vens perturbar meu descanso?
Que estava perene em meu sonho tão manso
Destruindo a paz que enfim alcancei
Porque tu viestes? Me diz pois não sei

Porque tanto te quero se tanto te odeio?
Diga-me logo qual o teu receio
De ter-me amoroso amante em teu seio?
Ou de devorar-te qual lanche em recreio
Descartada e usada, amassada ao meio?

Sentimentos persas tentando invadir
Cidade, ruína ainda a ruir
Nenhuma muralha para defender
Somente a muralha do Eterno sofrer

Porque tu me testas cruel, provocante?
Causando-me dor lancinante.
Porque me confias segredos tocantes?
Usando-me má como estante?

E lá nas montanhas de amor agourento
Morrendo um por um já estão meus trezentos
Em calmo desespero lutando em vão
Contra esses sentimentos do coração

Sentimentos que brotam por ti, imorais
Milhares, em massa, surgindo anormais
Das águas escuras e sentimentais
Buscando a conquista, cruéis Imortais

Jamais vencerás ó persa terrível
Combato em trezentos de amor impassível
Defendendo à morte as ruínas que têm
- Já foram pilhadas por outro alguém

E dessa história de guerra e conquista
Estória de amor á centésima vista
Cansei da minha paz de amor abalada
Por tua alegre presença infiltrada

Só que nessa guerra jamais te direi
Ao teu xadrez que ameaça meu rei
Que minha termópila ao chão já caiu
Na primeira vez que meu olho te viu



"Tu és responsável eternamente
Pelo que cativastes dolente"