segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Da Jornada Eterna, parte VII


Retornos




Em meus grotescos mangues rastejo
No meu lodo parado eu afundo
Vendo ao longe celeste cortejo
Luminar de semblante profundo

Lágrima e sangue aqui derramei
No passado não muito distante
Terras estas que eu mesmo atolei
Por de um erro que jaz obstante

Imponente o riacho carmim
De meu sangue que não mais escorre
Ainda tinge em vermelho de mim
A verde grama que ali seca e morre

Atravesso-o pleno de certeza
E morto afundo direto ao seu leito
E ele me mostra em sua correnteza
Todo o erro que por mim foi feito

Ò corrente cruel e profunda
Que me algema e também me liberta
Em torrente viscosa e imunda
Da prisão pessoal que liberta

Ao sair e secar-me do sangue
Que de mim gotejou no passado
Escostado na mata do mangue
Vejo vulto surgir a meu lado

De armadura brilhante e polida
Qual um santo de um mito antigo
Qual doutor a tratar da ferida
Vem sorrindo até mim o amigo

Vem de pique correndo em campina
Vem veloz e certeiro me abraça
Crucial sua ajuda divina
Quando eu quedei em desgraça

É assim verdadeira amizade
No pior e mais cruel tormento
Quando um dia ajudares alguém

Pela lei da reciprocidade
Chegará o devido momento
Que ele vem e te ajuda também



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ae cara!
Bah, belo texto. Confesso que tenho dificuldade de absorver poesia uma pouco mais "trabalhada/erudita" (talvez por não ter vocabulário tão amplo..hehe) mas não tem como não achar bom o texto.

(Mas que o que é por vezes trágico no tom épico de teus escritos seja apenas imaginação e nada a ver com teus dias! hehe)
Grande abraço!
Diego GF

9:13 PM  

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