quinta-feira, maio 31, 2007

Nas Savanas do Orgulho, parte I




Entrando em extensa savana
Vejo trágica cena singela
Forte e bravo leão
Atacado por uma gazela

O leão com suas garras temíveis
Belas presas, arcada atroz
O seu bando olhando impassivel
A gazela escoiceá-lo feroz

Pudesse isso o leão merecer
Por ter muitas gazelas matado
Mas ninguem poderia saber
Que essa una que o agredia
Cruel, direta, arredia
Essa una ele tinha amado

Os abutres ali os cercando
Esperando o cadáver pilhar
De escárnio sorrindo da cena
Do leão que não pôde amar

Me afasto de cena brutal
E encontro gigantes enormes
Cada qual com dezoito cabeças
Produzindo pinturas disformes

Cada cabeça falando uma língua
Cada cabeça escolhendo uma cor
Tentando em vão se entender
E um belo quadro compôr

As cabeças se contradiziam
As cabeças ali se insultavam
E as cores que o gigante escolhia
Eram no quadro pintadas

O gigante de algemas nos punhos
Pintando quadros aberrantes
Galeria de bizarras obras
Dispostas em varias estantes

A missão dos gigantes tardios
Era tentar compôr uma obra
Mas brigavam tanto consigo
Que de um quadro surgiu uma cobra

A serpente assaz venenosa
Atacou brutal seu criador
E o gigante entao envenenado
Contraiu-se em espasmos de dor

Brigavam eles com si mesmos
Na prova de almas orgulhosas
Tentando em vao conceber
Sua saida de terras nodosas

O orgulho os deixa confuso
As cabeças discutem em vao
Se achar uma melhor que a outra
É o que algema o gigante ao chão

Ao redor diabos se compraziam
Professores de prova aplicada
Quanto mais orgulhosa era a alma
A pintura era mais complicada

Indo pela savana do orgulho
Terra de vegetação rasteira
Junto com pueris animais

Inconscientes de sua besteira
Orgulhosos no chão mendigando
Junto aos vermes rastejando

Mas ainda se achando os tais

A Morte ainda Viva II




Negros passos meus apodrecem
Os caminhos por onde passeio
Em terras desconhecidas
Buscando aquilo que anseio

Após colher as tormentas, de ventos que antes plantei
Nobre templo jaz perverso
Belo templo jaz horrendo
Morre cedo, já foi tarde
Deixa ruínas no solo, de outro monte que passei

Ao meu redor vejo verdadeiras
Bosques, florestas inteiras
Não de ilusões mas realidade

Não é sonho, é verdade
Águas límpidas nos córregos
Aves alegres cantando
Mas a terra já tem dono
Vejo outra Morte ali andando

Nas montanhas a minha frente vejo verdes vales gramados
Casais felizes sorrindo
Amando ou sendo amados

Eu, Morte que ando valente
Atrás de nova montanha
Para meu templo erguer

Em minha frente vislumbro
Caminhos todos desviados
desvios por todos os lados

Escolhas, bifurcações
Dúvidas, opiniões

Espinhos por todos os lados
Desafortunados cadáveres
Feras peçonhentas, atrozes
Demônios armando emboscadas

Vejo lá almas sofridas
Algumas já sendo guiadas
Outras, que pena, perdidas
Tentando em vão se encontrar

Minha missão é guiá-las
Como meu deus me ensinou
Mas como poder ajudá-las
Alguém que nem mesmo se achou?

Vagando de foice nos braços
Por entre essas almas chorosas
Ainda algumas que valha
Cheirando um canteiro de rosas

Sorrio olhando tal cena
Bela, doente, sombria
Ao lhe voltar meu olhar, mais uma das rosas morria

Abutres seguindo meus passos
Tal qual as maldições Eternas
Rogadas em nossos infantes
Ainda em carícias maternas

Das almas que tento ajudar
Algumas em prantos consigo
Fazer encontrar um caminho
Fazer encontrar um amigo

Mas minha jornada é sozinho
Às vezes batalhas confusas
Contra monstros por mim já criados
Aqui ou até de outros mundos

Lá no meu monte antigo
Ruína recém derrubada
Ainda vejo um vulto, amigo
Parado olhando a estrada

Vejo brotar uma folha
Já com sua gota de orvalho
Por entre as terras ressentidas
Por entre troncos de carvalho
Da minha montanha roída
De meu templo no chão atirado
De meu mundo que agora morreu

Se erguem aos poucos paredes
De um templo que não é mais meu

A Morte ainda Viva I



Chuva fina, céu escuro. Tijolos, pilares, um muro.
Pequenos cometas ainda quedam, de vermelho o céu riscando.
Eu, uma sombra, sentado em pedra escutando.

No gramofone belas canções, no céu relâmpagos e trovões
O manto negro esvoaçando no ambiente, colunas altas de fumaça
Mais demônios, lá errantes e o tempo que não passa

Inerte ao solo jaz o templo, despedaçado, de uma era onde o mundo parecia mais alegre
Pálidas cores e arcos-íris. Meras ilusões, também de nuvens e felicidade
Agora no solo o negro da dor, não pela perda, mas pela verdade

A chuva molha um solo seco e lodoso, onde antes haviam flores
Temores, dores, amores
Se infiltram junto ao lodo numa terra já infértil

Pelo sangue derramado em épica batalha
Onde exércitos ferozes até a morte combateram
E a Morte encontravam, aqui sentada os aguardando

Ao chão imagens e estátuas, não de deuses, mas pessoas
Não há preces, mas palavras, já manchadas pelo sangue
Que escorre e forma um mangue

Entre a terra enlameada
O visco atrai moscas
que voam, toscas
Em círculo fechado

E Eu aqui sentado
Com um sorriso em meu rosto descarnado
Pelo corpo cicatrizes de batalhas

Já travadas em mortalhas
Contra inimigo mortal
Que brotava, parasita, de dentro do emocional

No templo que jaz destruído, ainda algumas lembranças
De épocas gloriosas
Onde sobre gramas fantasmas, castelos e princesas surgiam

E nas trevas do desespero, logo após elas sumiam
Pois a Verdade é relativa, e a Morte, sentada altiva
Escutando canções agradáveis

Pra que quando se erga das cinzas
Sorrindo vitoriosa
Ainda talvez lacrimosa

Pela falta dos mundos perfeitos
Criados na mentira, nos defeitos
Ainda que fantasmas, ilusões

Que o saciavam por momentos
Mas se que se foram com os ventos
Os ventos de um novo dia

Então me erguendo das Trevas
Perante o horizonte contemplo
Imaginando a nova façanha
De erguer novamente meu templo
No cume de outra, mais alta
Mais bela, mais escarpada
Mais verdadeira montanha.


segunda-feira, maio 28, 2007

(Single) Mudanças



Assassino neste post as mudanças que anunciei
Outrora com alegria aguardando o arco-íris

Assassino neste post a felicidade que vislumbrei
Por entre as nuvens chuvosas dos mundos o quais passei

Assassino também neste post qualquer resquício de esperança
Pois quem espera nem sempre alcança
Aocontrário de antiga lembrança
De frases que não leio mais

Assassino aqui neste post, a última gota de amor
Em detrimento da mais profunda dor
Que a eras não sentia

Assassino aqui neste post qualquer sobra de humanidade
E qualquer traço de bondade
Que porventura ainda restasse

Assassino aqui neste Post todos sem exceção
O raio o relâmpago e o trovão
Além de mim mesmo, porquê não?

Para que das cinzas desse ódio animal
Sentimento profano, irracional
Que tempestua todo o meu ser

Possa surgir um novo Alvorescer.

(Single) Hoje é um dia Glorioso!

Hoje é um dia Glorioso!



Hoje é um dia glorioso!
Já que não mais movo meu corpo
E minha mente gira em pura dor

Hoje é um dia glorioso!
Apesar de heróis morrerem sem sentido
E de anjos caírem solitários

Hoje é um dia glorioso!
Pois a Morte arrebanha seus fiéis
E insanamente lucram os templos

Hoje é um dia glorioso!
Com meu escudo perfurado por traiçoeiras flechas
Flechas vindas de todos os lados

Hoje é um dia glorioso!
Pois a armadura pende arrebentada
E partida a espada já não corta

Hoje é um dia glorioso!
Apesar das Valquirias arrebatarem podres almas
E outras belas simplesmente se perderem

Hoje é um dia glorioso!
Só em lutar contra aliados
Uma batalha por algo inexistente

Hoje é um dia glorioso!
Pois não mais sentirei dor, medo ou angústia
Vejo vindo me buscar minha Valquiria

E olhando em seus olhos azuis, cor da água que flui por sob o gelo, juro que apesar de minha Morte, minha batalha continua forte e que a dor dará lugar à raiva e o amor dará lugar ao ódio, juro que o medo se transformará em maldade e angústia se tornará fúria. E peço aos deuses que agora me acolhem, que tenham piedade de meus inimigos pois de agora piedade eu não mais terei porquê Hoje, é um dia GLORIOSO!