Nas Savanas do Orgulho, parte I
Entrando em extensa savana
Vejo trágica cena singela
Forte e bravo leão
Atacado por uma gazela
O leão com suas garras temíveis
Belas presas, arcada atroz
O seu bando olhando impassivel
A gazela escoiceá-lo feroz
Pudesse isso o leão merecer
Por ter muitas gazelas matado
Mas ninguem poderia saber
Que essa una que o agredia
Cruel, direta, arredia
Essa una ele tinha amado
Os abutres ali os cercando
Esperando o cadáver pilhar
De escárnio sorrindo da cena
Do leão que não pôde amar
Me afasto de cena brutal
E encontro gigantes enormes
Cada qual com dezoito cabeças
Produzindo pinturas disformes
Cada cabeça falando uma língua
Cada cabeça escolhendo uma cor
Tentando em vão se entender
E um belo quadro compôr
As cabeças se contradiziam
As cabeças ali se insultavam
E as cores que o gigante escolhia
Eram no quadro pintadas
O gigante de algemas nos punhos
Pintando quadros aberrantes
Galeria de bizarras obras
Dispostas em varias estantes
A missão dos gigantes tardios
Era tentar compôr uma obra
Mas brigavam tanto consigo
Que de um quadro surgiu uma cobra
A serpente assaz venenosa
Atacou brutal seu criador
E o gigante entao envenenado
Contraiu-se em espasmos de dor
Brigavam eles com si mesmos
Na prova de almas orgulhosas
Tentando em vao conceber
Sua saida de terras nodosas
O orgulho os deixa confuso
As cabeças discutem em vao
Se achar uma melhor que a outra
É o que algema o gigante ao chão
Ao redor diabos se compraziam
Professores de prova aplicada
Quanto mais orgulhosa era a alma
A pintura era mais complicada
Indo pela savana do orgulho
Terra de vegetação rasteira
Junto com pueris animais
Inconscientes de sua besteira
Orgulhosos no chão mendigando
Junto aos vermes rastejando
Mas ainda se achando os tais