terça-feira, junho 05, 2007

Da Jornada Eterna, parte II



Então logo adentro em jardim exclusivo
Entre brumas soturnas e abandonadas
Repleta de estátuas de mármore polido
Frio e umidade por todos os lados

Mármore branco, negro e rosado
Cada cor representa uma emoção
Marcas dos anos e tempos passados
Estátuas cheias de fendas e erosão

Há muitos bustos de faces diversas
Na pedra branca o sol refletindo
Por terem seus rostos sido apagados
Não se sabe se estavam chorando ou sorrindo

Ali tais heróis de passado distante
Intocados neste jardim esquecido
Quem aqui os deixou obstante
Nunca quis que houvessem nascido

De marechais a atrizes notáveis
Por beleza ou inteligência
Feitores de crimes inimagináveis
Presos no jardim aguardando clemência

Aqui vislumbrando um passado de glória
Mortos em falha grotesca, infantil
Relegados às margens da história
Erros esculpidos em caráter vil

Dama em prisão de um mármore rosa
Jardim de flores mortas cercando
Pobre alma de Vênus com braços quebrados
Com lama e limo o rosto tapando

E é este viscoso limo que esconde
Uma imutável expressão complacente
Qual este jardim em pôr-do-dol Eterno
O rosto de heróis que morreram pra gente

Ali marechal de incontáveis batalhas
Irmão de caminho, irmão de jornada
Perdeu o comando, da tropa a mortalha
Deitado no chão de espada quebrada

Rosto corroído, a farda um farrapo
Corpo retalhado a golpes ferozes
Dois tiros na nuca, fora executado
No seu julgamento por crimes atrozes

Roda de obeliscos com nomes riscados
Para que possa em vão esquecer
Daqueles que que foram um dia amados
E que no outro fizeram sofrer

Em exato centro do Jardim de Estátuas
Há túmulo negro gigante e polido
Inúmeros nomes escritos com mágoas
Como se talhadeira houvesse esculpido

Então sepultadas em solo cinzento
Sob imensas lajes pesadas
Merecedoras do esquecimento
Jazem todas as almas ali desgraçadas

Talvez elas nunca à vida retornem
Porquê esquecê-las é luta constante
Ódio e raiva nem são necessárias
Só a falta do amor já será o bastante



Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

agora vejo o quanto eu estava errada...
e vejo agora vc saindo das brumas, cruzando por fim a campina e soh agora tudo começará realmente..
apesar da guerra interna que ainda reina, antes encontrava-se em meio de um campo de batalha bem maior,
e hj se libertas disso para enfim sair em sua busca real...
desejo-lhe toda a sabedoria, coragem e força (que sei que jah tens) para continuar essa longa e eterna caminhada...
e sempre que precisares de reforços para uma possível batalha ou então quiseres festejar uma vitória, olhe para o céu... e lah estarei, sobrevoando e acompanhando seus passos sempre que possível...
te adoro muito meu querido amigo,
e sempre desejarei o melhor para vc!

9:32 PM  

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