quinta-feira, maio 31, 2007

A Morte ainda Viva II




Negros passos meus apodrecem
Os caminhos por onde passeio
Em terras desconhecidas
Buscando aquilo que anseio

Após colher as tormentas, de ventos que antes plantei
Nobre templo jaz perverso
Belo templo jaz horrendo
Morre cedo, já foi tarde
Deixa ruínas no solo, de outro monte que passei

Ao meu redor vejo verdadeiras
Bosques, florestas inteiras
Não de ilusões mas realidade

Não é sonho, é verdade
Águas límpidas nos córregos
Aves alegres cantando
Mas a terra já tem dono
Vejo outra Morte ali andando

Nas montanhas a minha frente vejo verdes vales gramados
Casais felizes sorrindo
Amando ou sendo amados

Eu, Morte que ando valente
Atrás de nova montanha
Para meu templo erguer

Em minha frente vislumbro
Caminhos todos desviados
desvios por todos os lados

Escolhas, bifurcações
Dúvidas, opiniões

Espinhos por todos os lados
Desafortunados cadáveres
Feras peçonhentas, atrozes
Demônios armando emboscadas

Vejo lá almas sofridas
Algumas já sendo guiadas
Outras, que pena, perdidas
Tentando em vão se encontrar

Minha missão é guiá-las
Como meu deus me ensinou
Mas como poder ajudá-las
Alguém que nem mesmo se achou?

Vagando de foice nos braços
Por entre essas almas chorosas
Ainda algumas que valha
Cheirando um canteiro de rosas

Sorrio olhando tal cena
Bela, doente, sombria
Ao lhe voltar meu olhar, mais uma das rosas morria

Abutres seguindo meus passos
Tal qual as maldições Eternas
Rogadas em nossos infantes
Ainda em carícias maternas

Das almas que tento ajudar
Algumas em prantos consigo
Fazer encontrar um caminho
Fazer encontrar um amigo

Mas minha jornada é sozinho
Às vezes batalhas confusas
Contra monstros por mim já criados
Aqui ou até de outros mundos

Lá no meu monte antigo
Ruína recém derrubada
Ainda vejo um vulto, amigo
Parado olhando a estrada

Vejo brotar uma folha
Já com sua gota de orvalho
Por entre as terras ressentidas
Por entre troncos de carvalho
Da minha montanha roída
De meu templo no chão atirado
De meu mundo que agora morreu

Se erguem aos poucos paredes
De um templo que não é mais meu

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

...o tempo nos mostra caminhos que nem nós imaginávamos que existiam...
quem sabe num desses vc acaba encontrando sua montanha, não digo "nova", pois sempre foi sua, soh não a encontraste ainda...

2:26 AM  

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