quarta-feira, julho 18, 2007

(Single) Espada


Espada



Mutilado eu fui contra minha vontade
No fogo infernal logo fui derretido
Moldado após fui pela sociedade
Em um formato pré-estabelecido

Moléculas duras, metal agrupado
Frio, forte, distante, incorruptivel
Chapeado estéril de aço pesado
Inútil exposto assaz impassível

Jogado ao fogo eu fui novamente
Queimando denovo eu fui esquecido
Foi quando eu ardia já incandescente
Que fui retirado do fogo querido

E fui golpeado então sem piedade
Pelas marretas que a vida nos cria
E mais uma vez minha alma fervente
Jaz martelada em bigorna fria

Ainda vermelho do fogo interno
Fervendo evapora toda minha mágoa
Queimando tal qual rio de lava do inferno
Eu sou mergulhado em bacia de água

E lá agonizo meu resfriamento
Fração de segundos de eternidade
Chiando a dor monstruosa lamento
A criação de minha identidade

Temperado eu fui então diversas vezes
No fogo na água no ar e na terra
Adornado eu fui com ouro, prata e jóias
Moldado em espada, instrumento da guerra

Escondida a beleza para ser encontrada
Não me trate então como mero objeto
Se assim manejar-me lâmina afiada
Irá enfrentar meu mortal desafeto

Se tratar-me então com amor abstrato
Daqueles que os bardos citam em canção
Verás que da arma retenho o formato
Mas que posso amar-te de igual condição


Pois a minha jornada é distante.
Pois a minha jornada é tão bela.
Eternos passos em busca da Vida.
Colecionando mais uma ferida.
A cada dia em que busco por Ela.